Interstícios

"A traição de ti próprio para não traí­res outrem não deixa de ser uma traição. É a maxima traição."
dos livros "Conversas com Deus"
de Neale Walsch

quarta-feira, outubro 25, 2006

Recorte de jornal

Recortei este texto do Jornal de Notícias - crónicas do Paulo Coelho - faz já algum tempo.
" Uma rosa sonhava dia e noite com a companhia das abelhas, mas nenhuma vinha pousar em suas pétalas.
A flor, entretanto, continuava a sonhar: durante longas noites, imaginava um céu onde voavam muitas abelhas, que vinham carinhosamente beijá-la.
Desta maneira, conseguia resistir até ao próximo dia, quando tornava a se abrir com a luz do sol.
Certa noite, conhecendo a solidão da rosa a Lua perguntou:
- Você não está cansada de esperar?
- Talvez mas preciso continuar lutando.
- Porquê?
- Porque, se eu não me abrir, eu murcho.
Nos momentos onde a solidão parece esmagar toda a beleza, a única maneira de resistir é continuarmos abertos.”
Sim, já me senti como esta flor à espera de uma abelha. De um príncipe encantado, de um milagre, de uma solução exterior a mim... que resolvesse o meu mal estar... sem ter que ser eu a quebrar correntes e ligações.
Como se a "cura" do meu mal estar pudesse ser resolvida por alguém ou algo exterior ao meu próprio ser... é certo que as ajudas externas nos despertam, nos abalam e nos fazem perceber que há sempre algo que podemos fazer, que devemos fazer, que temos que fazer... mas temos que ser nós a assumir a responsabilidade e o querer... e não esperar eternamente por uma solução, que pode tardar...
Agora vou tentar recriar-me, reconstruir-me devagar, devagarinho...
Como diria o meu Amigo " Viva a Vida"

sexta-feira, outubro 06, 2006

Renascer

Durante anos as linhas dos meus caderninhos estavam repletas de mágoas, dores, angustias, incertezas, desespero…por fingir viver, por fazer de conta, por me esquecer de mim, por colocar toda a gente a frente dos meus mais sinceros quereres e sentires.
Duvidei de mim tempo de mais, esqueci os meus sonhos e desejos.
Fui uma sombra do que posso, quero Ser, do que Sou.
E agora chegou ao fim!
Libertei-me das amaras e parti. Não é fácil. Estilhacei a imagem que tinham de mim, os outros sofrem com a minha partida, procuram culpados, razões, chorando, desesperando e cobrando.

Porquê?
Porquê?

Eu só consigo responder: estou cansada de dar, de dar-me, de olharem para mim como se eu fosse um Ser Superior que não falha, que não pode falhar.
Eu não quero a vossa admiração, contento-me com a vossa compreensão.
É difícil, eu sei!
Mas eu vou, tenho que resgatar quem Sou, o meu Eu que se diluía, que se desintegrava na mentira que era o meu viver. Tenho que perceber quem Sou e qual o meu caminho.
E aí onde vocês estão, onde pararam, eu perco-me, desfaço-me, perco a minha essência.
Por isso vou!

Se tenho medo?
Não, agora não. Vivi com medo a minha vida toda. Vivi?! Melhor fingi viver. Um medo que me abafava, tolhia, obrigava-me a recuar, a esconder vontades e sonhos.

Se tenho receio?
Sim, por isso vou com cautela, tentando perceber onde piso, quem está comigo e essencialmente perceber o que pretendo…e assim calmamente voar, partir, misturar-me no mundo, seguir trilhos rumo a parte alguma.
Encher-me de mim.

O que ficou para trás?
O medo, a imagem de perfeição, uma vida estável e cómoda. Um amor demasiado sereno, um mundo a preto e branco. Um dar sem receber.

Vou voar
Partir para lá do horizonte
Mergulhar por entre nuvens e estrelas
Deslizar no arco-íris
Deixar-me invadir por sensações
Vou viver.